domingo, 15 de março de 2009

Olha que coisa mais linda...

Que olhar era aquele
cheio de doçura,
algo de puro residia naqueles olhos,
quando falava as palavras
saiam timidamente de boca,
o gracejo de seus movimentos
inibia a macula dos desvalidos,
a solicitude de seus olhos desamarrava
o rosto mais enrudecido,
ouvir aquela voz que mansamente
resplandecia mais sua terna beleza,
quando caminhava trazia
o ímpeto da obstinação pela vitória,
passos cadenciados pela bossa nova da vida
caminhava com esmero,
no sobressalto de seus pensamentos
não existia espaço para incertezas,
sabiamente traçava planos futuros
era resguardada pela paternalidade
que lhe fora cedida nessa vida,
levava em seus braços a ingenuidade
de uma habitual vida sem revide,
observar seus passos
era vislumbrar a solenidade de sua beleza,
arqueava seus pés
pela inquietude de sua alma,
era ainda uma menina
com nuances de mulher,
menina ainda que usava
meias coloridas e listradas,
que denotavam a inocência
de cada amanhecer,
tinha tatuado em seu corpo
a branquitude das noites de luar,
era apenas mais atrativo
para o cândido amor.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Aquela cena o assustou

Você não iria acreditar no que ele viu.
Nem mesmo ele acreditou no que viu.
Ninguém acreditava no que ele viu.
Depois daquela Quarta-feira,a cena que fora vislumbrada pra ele.
Corroeu,suas árterias insípidas,que nenhum prodígio filho de Bram Stoker,teria o ímpeto de saborear.Aquilo malogrou os seus dias,talvez viveria para sempre com aquela frustração,ou não...
Desejou jamais ter visto aquilo,chegou a pensar que teria sido melhor que o destino o cegasse,horas antes daquele ocorrido.
Procurava encontrar respostas,mas dera com os burros n'agua...
Não sabia,explicar para ninguém aquela cena,e muito menos sabia dizer,porque tinha que ser ele a ter visto aquilo.
Ficou dias de olhos abertos,não se fechavam nem para dormir,acho álias que não dormia mais,depois daquilo que viu.
Depois de um tempo seus olhos ficaram estalados,como dois ovos fritos,é dois "zóio esbugalhado",e uma substância viscosa escorria no canto de sua boca falida,devia ser só para acompanhar seus olhos assustados.
Sem dizer nenhuma palavra sobre o ocorrido,vagava pela cidade com os braços estendidos,como se apontava para algo...era uma cena um tanto estarrecedora,vendo ele caminhar com os braços na altura do peito.Quem via aquela cena logo lembrava daquele filme" A volta dos mortos vivos",chegava a ser engraçado...Ver aquela criatura com os olhos pra fora,babando todo o liquido que seu corpo armazenava e caminhando com os braços estendidos como se apontasse para algo,que ninguém via.
Andava sem parar,já não comia,não dormia,será que vivia??
Depois do que viu,ficou daquele jeito,meio morto-vivo.
Ahhh,você neste momento deve estar se perguntando o quê,aquela criatura tão jocosa viu,não é?
Não vou delongar mais nenhuma linha,sabe o quê,ele viu?
Viu a si mesmo.
É,viu sua imagem e semelhança...
No espelho de seu W.C(traduzindo wanderley cardoso,para leigos)ou para ficar mais fácil,pode ser banheiro mesmo.
Aquela cena o assustou.Como ele era feio.
Essa criatura nasceu desprovida de beleza,imagina você quando esse ser acordava então,com aquele sucrilhão no olho,e a inseparavel babinha viscosa ressequida no canto de sua boca falida.
Era de deixar qualquer um aturdido.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Uma batalha infatigável

Acordou,naquele dia.Já sabendo o que iria acontecer.
Levantou,não falou:-Bom dia,como era de seu costume.
Se preparava,para seu ato crepuscular.
Esperou o sinal.
Concomitantemente,veio-lhe a ideia da desistência.
Sabia,que seria uma batalha infatigável.
Armou-se,até os dentes,como diria qualquer um por ai.
Dentre os seus caninos,molares...Sairiam,todos os impróperios revogados pelos ortodoxos.
Feriria seu inimigo,com suas palavras intrínsecas,e nada além disso.
Conscientemente,era sabedor que não seria necessário outra guarnição.
Pois seu oponente era um reles acéfalo.
Travou-se,o duelo de Titãs...
Figurava-se sangue naquela batalha,tripas eram extirpadas,pulmões foram perfurados.Só terminaria aquela batalha quando um corpo fosse combalido.
Aconteceu o inesperado,fora seu corpo que,quedou-se naquele chão de enfermos.
Ficou,ali no relento da madrugada,o vento gelado surtia um efeito nada benéfico,aquele ar gélido causava necrose em suas feridas.
Levantou,devido as preces.
Alguns,diriam que tinha perdido aquela batalha,outros tantos,diziam que foi vitorioso.
Aquela batalha foi consubstancial.Voltou para sua abóbada.
As lágrimas,desciam-lhe a face.
Suas lágrimas,tinham um motivo maior do que a desonra da derrota.
Serviriam para rejubilar,aquele que sempre foi um vencedor.E traria,ânimo novamente para a sua próxima batalha.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Aqui jazz, o caralho...

Lá estava,aquele saco de ossos sacolejando no ritmo daquela música.Ainda não tinha dado conta do que estava fazendo.Até que viu sua imagem ou melhor sua sombra esquálida.
Parou.
Seu corpo,teve uma prostração repentina.
Depois de ver sua turva imagem sacolejante,quebrando a harmonia do universo.Caiu em si,do desequilíbrio de sua psique.
E,para seu próprio espanto,resolveu correr,correr...
Correu,tanto que perdeu os sentidos.
Mas,para ele a vida jamais teve sentido algum.
Sua atitude,apenas evidenciou ao público que era capaz,de sair de seu decúbito dorsal,o que poucos achavam provavél.
Nunca fora capaz de mostrar á ninguém,nem mesmo a ele,o quão capaz era de salvar-se.
Durante,longínquos anos mergulhou na macula,de sua estreita rejeição de cuidar si.
Era desejoso de viver o que deixou passar,mas o tempo já delineou a sua estada nesse sítio arenoso,não havia como voltar para esses tardios anos.
Seu epitáfio,era lacônico:
_Aqui jazz, o caralho,
é punk rock e hardcore...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Nada melhor do que rir de si mesmo

Soltou um riso.
Um riso que destrinçava o ar.Aquele riso fez seus pulmões arderem de dor.
Uma dor sem cautela,seus pulmões já não eram os mesmos de outrora.
Todos ficaram surpresos,com aquele riso.
Não era uma pessoa de rir,alguns até se perguntavam se ele era realmente uma pessoa.
Durante a sua vida ouviu tantos risos inócuos,que decidiu,então não fazer parte da sociedade dos ditos risonhos.
Mas ele tomou uma atitude no minímo curiosa.Ele acumulou risos,arrecadou risos,pegou emprestado,fez o que pôde para ter um montante suficiente.Para um dia resolver o problema,daqueles que sofriam do mal de não rir.
Estudou cada riso,nota por nota,catalogou,fez observações.Um leigo qualquer que visse,suas anotações,diria que foi feito por um profissional,será que existe,profissional do riso?
Não conseguia entender como as pessoas choravam por coisas tão bobas.Sabia,agora que havia pessoas que choravam de tanto rir,e tantas outras que choravam por não rir.Isso ele não entendia...
E depois desse efémero pífio.
Descobriu que nada era melhor do que rir de si mesmo.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Viver seria sua tarefa mais árdua

O dia despertou para ele,e não o contrário.
Despertou de má-fé,com um mau agouro.
Não sabia o que era e por isso não podia ir além.
Teve um sonho,não foi bom nem ruim,apenas um sonho.
Mas sonho é pra se guardar dentro do travesseiro.
O travesseiro dele,não era de plumas de ganso e muito menos se assemelhava,as nuvens de algodão do Céu que nunca viu.A sua cama era espetacularmente rústica,assim como seus movimentos.
Levava uma vida simplória,e por vezes paupérrima.Não sentia a empatia do ar que lhe refrescava,em todas horas de agonia.
Sentia que estava no fim,ou melhor sentia que aquilo estava quase no fim.
Não temia esse acontecimento,alias não tinha medo de quase nada.
Jamais foi temeroso à morte,sabia que sua hora estava por chegar,ao invés disso sentia um profundo estremecimento na alma,quando pensava que tinha que viver mais um dia,disso sim era temerário.
Calafrios percorriam seu corpo,quando sinuosamente pensava na jovialidade da manhã seguinte.Por isso,sentia um mau agouro quando despertava.Este era seu algoz,preferia a companhia da morte do que a oportunidade da viver,este era o seu pesadelo.Viver seria sua tarefa mais árdua,este era seu sonho quase bom.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Nossas raízes

As raízes daquela árvore estavam expostas no tempo,
ficavam ao relento,
ouviam os ruídos dos asfaltos,
os lampejos de dias nublados,
e recebia gracejos de espivetadas crianças,
e assim fincada num passado,
eu pensava em um futuro,
observando ela no meu presente.