Olhos que se esbugalharam,pela derradeira escolha de optar pelas coisas erradas da vida cotidiana.
Ao mover aqueles grandes olhos,elucubrava cânticos nostálgicos,que um dia ouvira de alguém.E esse alguém que não conhecia por mera pretensão de caminhos que nunca se cruzavam,sabia que ali naquela rua havia alguém,que decidira nunca mais levantar do leito insolúvel.
Mas em um outono qualquer,aquele alguém de cânticos nostálgicos,começou a bater de porta em porta,procurando aquele outro alguém que decidira viver de barriga pra cima até que a morte o leva-se.
O outono findou-se,iniciou-se o inverno,no frio intenso de uma manhã qualquer,ouviu de trás de uma porta,de uma casa de qualquer um.Um som parecido com aqueles que costumadamente cantava,e neste instante colocou um daqueles seus ouvidos na porta,para ouvir melhor aquelas notas.
Reconheceu o canto que vinha de dentro daquela casa,decidiu bater na porta acompanhando as notas da música,sem notar que a porta estivesse entre aberta,com as batidas que dava na porta,para acompanhar o som,aquilo que separava o mundo dos dois abriu-se.E para espanto de ambos,se pareciam em demasia,sim eram realmente iguais.....
Parecia que estava de fronte a um espelho,os gestos,os olhos,enfim tudo era idêntico,mas como isso é possível,um pensou,e o outro automaticamente pensou igual.
Ficaram fitando-se,por alguns minutos,a única diferença entre eles naquela hora,que se notava era que um estava de pé e o outro deitado.O que estava em pé,pois esse sempre tivera mais disposição para viver,falou:
-Deixe de reclamar tanto pelo o que ainda não tem.
O que estava deitado então,ninguém sabe como,levantou-se e decidira caminhar sem reclamar deveras da vida,ou melhor reclamava agora sorrindo.
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