sábado, 30 de junho de 2007

Está na hora de comer,as margaridas pela raiz

Lá estava ele,esmerando-se de saudade,na soleira da porta de suas recordações,ninguém que o conhecia,teve a ousadia de entrar,sem o convite daquela auspiciosa alma.
Naquela noite fria,fora avistado sem a prévia mortuária,de madrugadas anteriores.Bateram em sua porta,um toc-toc,estremeceu seus ouvidos,e eram ouvidos guardados pelo silêncio da penumbra.
Despertou,e aqueles olhos que se tornaram pequenos,porque deixaram de ver a luz no final daqueles ditos túneis da vida.Arregalaram-se,por uma desusada surpresa,pois já esquecera,que nessa vida teve,aquilo que as pessoas chamam de novidade.Porque,depois daquela noite não ficaria,tão solitário.
Dois segundos depois,mais um toc-toc,sabiam que ele estava lá,mas quem sabia?Quem era?
Seu coração batia diferente,arritmia?Pensou,aquele coração,que jamais teve a oportunidade, de conhecer as paixões da vida,batia sem o ritmo costumeiro.
E aquele som,que ecoou,descompassado na sua porta,trouxe junto,calafrios que encolhera ainda mais seu pequeno corpo.
-Sou,eu.
Sou eu,ele pensou?E esse pensamento veio seguido de um-Meu Deus....
E para,aquela criatura,isso eram palavras que continha uma dose cavalar de discrepância,já havia deixado de acreditar,em seres que residiam em moradas celestes.
-Lembra de mim?
Reconheceu,aquela voz,e isso aterrorizou,aquela auspiciosa alma.
Ouviu,novamente aquela voz,vindo de trás daquela porta,e a porta estremeceu,aquele punho impetuoso,tocou de novo aquela porta.
Ele disse:-É você?
-Sim,sou eu.
Eu não acredito,disse ele.E era a mais pura verdade,aquela auspiciosa alma,já não acreditava em nada.
Levantou,do canto escuro de sua casa.Uma casa sem acomodações,não tinha,quartos,salas,etc,apenas quatro cantos,que absorvia,a escuridão das madrugadas.
Caminhou até a porta,e foram vinte e um passos,que contou mentalmente.Girou a chave,pois nem sequer havia maçaneta naquela porta,apenas a fechadura e chave.E fora pego,por uma sensação que assombrava suas lembranças,aquela mesma imagem que guardou quando adentrou a este mundo,se postava diante de sua porta,nitidamente via aquela figura.
Lacônica,como sempre,limitou-se a dizer:
-Está na hora de comer,as margaridas pela raiz.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Lágrimas cristalinas

E quando,voltou à abrir aqueles olhos,era como se ainda permanecesse de olhos fechados,mas ao invés de ver o ébano da noite,havia ali uma claridade que cegava suas retinas.Já não poderia mais ver aquele Mundo da janela de seu quarto,pensou que fosse um castigo.Mas porquê um castigo,indagou a si mesmo.E não vinha outra resposta em sua mente,que não fosse a ausência dela.
E novamente,as lágrimas desciam lhe a face,e eram lágrimas cristalinas.Diferentemente,das outras,havia nelas uma transparência ímpar,pois nelas se podia ver,a vida dele.Como em uma bola de cristal,daquelas ditas clarividentes,se enxergava tudo,o que se passou em sua vida.
Quando as lágrimas caiam por terra,elas não se desfaleciam,mas sim preenchiam,aquele chão,do qual mantinha seu corpo verticalmente,como se fosse para saudar os seus Deuses.
Inusitadamente,pois nem os seus Deuses,poderiam explicar,aquele fenomêno.Cresciam flores,ao seu redor,aquelas lágrimas,faziam brotar flores onde caiam.
O perfume,daquelas flores ocupavam,não definitivamente,aquela ausência.E lembrara,que um dia,uma senhora o advertira,que até as rosas tem espinhos.
E fora,nesses espinhos que ele,encontrou a resposta.Ela estava ali,cravada no caule daquela flor.
Havia no olhar dela,como no dele também,uma quase tristeza,mas era um olhar dócil,vulnerável.E naquele instante,recobrou a sua visão,aquela cena o remeteu,no dia em que se viram pela primeira vez.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Seus olhos fecharam

Mas teve um dia,que seus olhos fecharam,fora surpreendido.E foram dias subsequentes,de uma grande ansiedade.
Da janela de seu quarto,lá sentado esperava seus olhos abrirem novamente,para enxergar a beleza daquele Mundo.Mas teimosamente seus olhos,permaneciam fechados,como se uma força superior,toma-se conta dele naquele momento.
Já não via mais,a luz intermitente das estrelas,pensou que jamais veria novamente,a face da Lua refletida no lago de seus sonhos.Por um instante,pensou que algum Deus,sim aqueles Deuses,dos quais acreditava existir,tinha esquecido de sua existência.
Lágrimas desciam de seu rosto,um rosto marcado pela vida.Vida essa,da qual começou a recordar,e um pequeno orgão que até então estava adormecido começou a pulsar,de uma maneira que o levou ,aquele dia...
Dia,esse que ele sempre lembrava,quando se encontrava beirando a tristeza,pois não admitia,tal sentimento,classificava não poucas vezes,de um "Mal corrosivo",dizia não raras as vezes,que a tristeza é um ato de egoísmo.
E aquele pequeno orgão que batia em seu peito,era capaz de fazer milagres,para ele.Pois já depois de viver tantas decepções,deixou de acreditar nessa palavra.Mas essa palavra,que fazia questão de esquecer,o fez lembrar daquele dia...
E,lembrou dela...E isso fez com que seus olhos abrissem novamente.
Porque,acreditava resolutadamente que sentiria tudo aquilo de novo,sentiria aquilo que as pessoas costumadamente chamavam de "....".

O pulsar daquele pequeno orgão

Tudo aquilo,que se manifestava diante de seus olhos,inebriava aquela mente dispersa,mas atenta diante,a paleta de cores que o Mundo apresentava.Naquele dia febril,de confusões que se desenrolavam nos seus pensamentos.Pensamentos esses,longe daquele equilíbrio,de quando
sentava na janela de seu quarto.Porque muitos daqueles pensamentos que surgiam,eram oriundos de sentimento guardado,que ele recusava,a mostrar a qualquer pessoa.
Pois,fora um sentimento guardado,com um propósito,que para ele,a sua existência,não dependia daquilo,mas sim,era a manutenção de tudo,que havia de bom nos pequenos passos que tinha dado no desenrolar de sua vida,que sempre fora marcada,por dificuldades que a própria natureza deliberadamente,fez questão de lhe impor.
Que sentimento era esse,que guardava com tal reclusão,que por muitas vezes lhe causava uma grande angústia,as pessoas costumavam chamar "....".Ele por sua vez,recusava esse nome.
Mas porquê?Era a grande pergunta.
Ele simplesmente,havia descoberto,outro nome para aquilo que as pessoas chamavam de "....".
Mas o nome que ele dava para aquele sentimento,ou que as pessoas davam,para ele não tinha miníma importância,o importante sim,era sentir aquilo,com todo fervor,e fazer aquele pequeno orgão bater.Juntamente com aqueles,que controlavam a sua respiração ofegante,quando se recordava de tudo aquilo que sentiu naqueles poucos dias.Dias que sustentava a sua vinda a este Mundo.
O pulsar daquele pequeno orgão,é o que lhe dava coragem,para continuar,a transitar sem temer,a nenhum mal,pudesse esse mal vir de onde for.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Aquele céu azul,sem nuvens

Ele estava ali sentado na janela,daquele quarto tentando se equilibrar nos seus pensamentos.E levando em conta tudo isso,ainda sim contemplava a vastidão,daquele mundo que se abria aos seus olhos.Apenas da janela do seu quarto,ele via tudo isso.
Era,de uma beleza imensuravél,aquele quadro que fora desenhado naturalmente a pinceladas de algum Deus,que jamais foi visto por aqueles olhos,mas ele acreditava piamente na existências de Deuses.Que se movimentavam com a mesma naturalidade,que uma folha cai do galho de uma árvore.
Ficava impressionado,com aquele céu azul sem nuvens,que preenchia seus olhos,se alegrava vendo aquele vasto campo verdejante, e quando o dia estava preste a terminar,vinha uma brisa agraciar-lhe com o frescor daquela relva.
Aquele mesmo vento que dava fôlego aos barcos a deriva,também movia aquele corpo sustentado pela compaixão da vida,mas ainda tinha um olhar perdido,pois não sabia a direção, daquela brisa,até porque ele não era apegado a essas coisas,e por conseguinte não saberia indicar os pontos cardeais,ele se encontrava sem um norte,sem um rumo.
Embora as dificuldades fossem grandes,ele sempre estava na janela à observar,a movimentação das cores,que iam surgindo a sua frente,pois para ele tudo aquilo,havia uma explicação,seja qual fosse.
Para ele o mais importante era observar,toda aquela beleza espontanêa,porque ele tinha uma sensação de que tudo aquilo,que estava acontecendo diante de seus olhos,era para assegurar uma tranquilidade,posterior.Entretanto,sabia ele,que dias tempestuosos,estavam por vir,mas ele guardava um sentimento de esperança,porque era de seu conhecimento que depois de toda tempestade vinha a bonança.E por isso,ele sempre estava naquela janela à observar,a vastidão daquele Mundo.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Intempéries

Há um vazio a ser preenchido,dentro de todos.Todavia quando tentamos ocupar,esta lacuna somos pegos,pelo desatino da Vida.
Fazemos,isso de uma maneira compulsória,e até mesmo obstinada.Queremos tanto,que chegamos a cometer,vários delitos,que nos causam a morte,e essa morte nos atinge de diversas maneiras.
A morte,é vista de muitos ângulos,pois há um montante de vidas dentro de cada um,e a cada dia que se finda,uma delas é atingida pela"Dona Foice".Sempre digo que a cada dia que se passa,é um dia menos que vivemos,ou seja a morte se aproxima a cada fim de 24 horas.
Vivemos de um automatismo tão impressionante,que não nos damos conta disso.Apenas queremos viver.
E vivemos,de uma forma ou de outra,vivemos...
Mas a questão,em voga ou não,é como vivemos?e para que vivemos?
Estamos perambulando,pelos meandros da vivência,apenas para preencher uma lacuna,que infortunadamente se encontra vazia,mas que vazio é esse nos faz viver?
Mas será que esse vazio não,é uma acumulo perdas,até porquê podemos considerar a morte como uma perda,não é mesmo?
Nesta Vida,perdemos muitas coisas,seja lá quais forem,sempre farão falta.Então é para isso que vivemos,para preencher o vazio que nos assola,nas horas derradeiras da vida?Ou será,que devemos manter este espaço em branco.
Mas que vazio,é esse que muitas vezes,é marcado com o negrume de passos soturnos,e não nos valemos disso,pois doravante somos apanhados pelas nossas intempéries,e damos margem para o erro,entretanto a lacuna continua vazia,pois viver é aprender,e portanto sempre cairemos nesse cliché,sabe porquê?
Porquê doravante somos tempestuosos.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Vida sem o tom do riso

Um olhar que vagueia na escuridão,
Um sorriso,sem o indefectível brilho,
Aquele passo,intercalado por um som,
Um som que me lembra,
Um assobio oco,
Sem sentido,sem nota
Sem compasso,mas...
cadenciando um equilíbrio,
Naquela imprudente postura
Retilinea,esguia,mas sôfrega
Que carrega o peso de vidas
Vidas desmedidas,desmembradas
Vidas sem o tom do riso,
Que se arrasta pelo sarcasmo,
Provocando um eco,na escuridão,
Naquele beco,de olhares inexistentes,
Que teimosamente prosseguem
Á passadas largas,
Em busca dos desavisados.

O vazio das estrelas

O que seria de nós,
Se não fosse o vazio das estrelas,
Talvez não existiríamos,
Haveria,então a impertinência
da morte póstuma,
Os relatos pelejam nas infinitas peregrinações
Peregrinações,essas,
Que subdividem-se,
Em termos jamais pronunciados.

terça-feira, 12 de junho de 2007

É verdade,ou não é?

Hoje é dia,ou melhor o "dia",é melhor colocar no plural,porque é muita gente.
Hoje é dia das sentimentalidades,duvidosas,fatídicas,duradouras.Mas doravante sempre é dia. Dia de sentimentos vindouros,que nos proporcionam um contentamento,contestável.
Porque,contestável.Ora,porque?
Simplesmente dizemos:
-Eu te amo,em um dia,e no outro dizemos:
-Eu te odeio.
É verdade,ou não é?
Aquele que dizer,que não há verosimilhança,que atire a primeira pedra.

Hei,você aê!

-Hei,você aê!
-Eu?
-É você,mesmo.
-Hããmm?
-Me diz alguma coisa.
-Como assim?
-Me diz alguma coisa.
-O que por exemplo?
-Apenas...me diz alguma coisa.
-Mas eu não sei o que você,quer ouvir?
-Eu quero ouvir tudo,ou algo que...
-Tá você,quer ouvir tudo,ou algo que?
-Que me traga...
-O que?
-De volta...
-De volta?
-De volta,você consegue?
-Eu,não...Mas uma coisa eu posso lhe dar.
-O que?me diz logo.
-A certeza que existirá,dias melhores que aqueles já vividos.Pois foi lhe dado uma nova chance.